BatRep: Baldur2 vs Asphyxious2

Já falei por alto sobre o que é Wargame, e para complementar a teoria exposta anteriormente, preparei um turno-a-turno de uma partida de Warmachine, exemplificando como o jogo funciona.

Baldur, The StoneSoul x Lich Lord Asphyxious
Para o primeiro Battle Report do PaintingDesk, vamos usar uma partida bem recente, entre eu e o Otto, que fizemos para uma reciclagem de warmachine em geral e uma introdução aos cenários de Steamroller, que ele ainda não tinha provado.

35 pontos
SteamRoller 2013, cenário: Destruction: uma zona de controle no centro da mesa, 4 objetivos nos cantos. 1 ponto por objetivo destruído, 1 ponto se controlar a zona, 2 pontos se dominar a zona. 5 pontos vencem o jogo.

Arrumada a mesa, Circle ganha a iniciativa, e eu escolho ser o segundo jogador, pelas 3 polegadas a mais de deploy e pela chance de pontuar primeiro.

Cryx - Otto
Lich Lord Asphyxious - WJ: +6
- Skarlock Thrall
- Deathjack - PC: 12

Bane Lord Tartarus - PC: 4
Bane Knights - Leader & 9 Grunts: 10
Bile Thralls - Leader & 5 Grunts: 5
Bane Thralls - Leader & 5 Grunts: 5
- Bane Thrall Officer & Standard: 3

Circle Orboros - Breno
Baldur the Stonesoul - WB: 5
- Ghetorix - PC: 11
- Megalith - PC: 11
- Woldwatcher - PC: 5

Gallows Grove - PC: 1
Gallows Grove - PC: 1
Shifting Stones - Leader & 2 Grunts: 2
- Stone Keeper - Keeper 1
Shifting Stones - Leader & 2 Grunts: 2
Tharn Wolf Riders - Leader & 2 Grunts: 6

Turno 1a: Cryx
No primeiro turno, Cryx faz bom uso do ghostly em seus Bane Knights, atravessando a floresta na esquerda do mapa, de modo a forçar um engajamento total. Os Bile Thralls avançam já com a intenção de atacar as shifting stones,reduzindo a mobilidade do oponente. Bane Lord Tartarus e seus banes avançam pelo centro, seguidos de Asphyxious e do Skarlock thrall. Deathjack segue os Bile Thralls,se preparando para atacar em sua próxima ativação.

Turno 1b: Circle
Baldur envia os Wolf Riders ao longo do flanco do exército cryx, se mantendo fora do alcance de carga dos Bane Knights, mas ainda ameaçando-os para o próximo turno. Após o deployment, Asphyxious foi escolhido como a presa (prey) das Wolf Riders, lhes dando uma ameaça de 9+3+7 = 19 polegadas se tiverem uma linha de carga desimpedida para assaltar o caster inimigo. Ghetorix e Megalith avançam, e as shifting stones são reposicionadas ao redor deles, montando a mesa para um teleporte duplo que ameaça toda a parte central do terreno. As Gallows Groves são posicionadas na floresta, prontas para um rápido regrowth e seu uso como arcnode no turno seguinte.

Turno 2a: Cryx
Os Bile Thralls mostram a que vieram, destruindo uma shifting stone com 4 sprays, e causando dano significativo em uma das Gallows Groves. Banke Knights têm uma difícil decisão entre corer para engajar as Wolf Riders ou seguir para o centro da mesa, e optam pela segunda opção, dando as costas para as amazonas Tharn. Asphyxious novamente protege seu army de ataques diretos com nuvens de ácido, bloqueando o Line of Sight para tudo atrás delas. Deathjack tenta um excarnate no StoneKeeper, mas com DEF natural 14 mais 2 pelo bonus de concealment, este é um alvo difícil de acertar. Precisando de um 9, ele erra, e o StoneKeeper permanence em jogo.

Turno 2b: Circle
O Segundo turno do segundo jogador é a primeira oportunidade de se pontuar neste cenário, e começo meu turno pensando em avançar e usar meu feat para minimizer um contra-ataque. Começo pelas Wolf Riders, que eliminam três dos Bane Knights e com seu movimento de cavalaria leve se reposicionam 5″ para trás depois do ataque, mantendo o resto da unidade à distância. Num erro estratégico fenomenal, reposiciono uma das Gallows Groves e ativo Baldur antes do resto do army, na sede de eliminar os Bile Thralls com uma Crevasse bem posicionada. Sem fúria para distribuir Roots of Earth, uso o feat, que dá +3 ARM para todos os friendly faction models na control area, e impede que eles sejam movidos ou placed. Essa última parte me atrapalha bastante, na verdade, porque eu queria eliminar o Deathjack agora. Como um dos objetivos está no alcance de Ghetorix, destruo esse e espero o turno seguinte.

Turno 3a: Cryx
Com Asphyxious em distância para dominar a zona, Cryx coloca tudo e a pia da cozinha no centro da mesa. Os Bane Knights entram para controlar a zona e bloquear acesso ao caster, deixando um espaço para ele junto à borda. Tartarus ajuda a preencher o vazio em volta do caster Cryx, enquanto Deathjack destroy um objetivo e os Bane Thralls o envelopam, protegendo-o de retaliações. As nuvens de ácido de Asphyxious são colocadas no centro, de modo a negar line of sight para Ghetorix, que não poderá fazer uma carga contra o warcaster inimigo. Cryx termina o turno com três pontos, e uma boa chance de fazer os dois pontos finais no turno seguinte.

Turno 3b: Circle
Com a vantagem de Cryx no cenário e sua enorme superioridade numérica, toda a minha atenção se volta para Asphyxious. O warcaster inimigo, na sua ânsia por pontuar, se posicionou agressivamente demais. Avaliando minhas chances, o maior problema é a alta defesa de Asphyxious, 15, que me fará perder aproximadamente metade dos ataques em rolagens médias. As Tharn Wolf Riders têm re-roll em suas lanças arremessadas, o que me dará uma boa idéia se vou ou não querer me comprometer no ataque. Começo por elas, duas conseguem line of sight para o caster inimigo, atacam, e lhe tiram 2/3 dos pontos de vida. Agora minhas chances parecem mais favoráveis. Teleporto minha unidade de shifting stones com o StoneKeeper, e escolho um Bane Knight do lado de asphyxious para tentar a sorte com um crit knockdown. Sua defesa é menor, 12, e com magic attack 6, preciso de 3-3, 4-4, 5-5 ou 6-6 para conseguir um crítico que me garantirá a vitória. Erro o tiro, o desvio não faz nada, mas valeu. Medindo minha control area eu vejo que Ghetorix está em distância de teleporte para Asphyxious. Teleporte, um ataque, outro comprado, e o caster cryx cai. Circle wins!!

Reflexões
Eis um jogo onde podemos apontar vários pontos onde uma decisão diferente, uma movimentação alterada, e poderíamos ter um resultado completamente diferente.
A jogada decisive foi na verdade de Cryx, que, se tivesse se contentado com 2 pontos em seu terceiro turno, poderia ter neutralizado as Wolf Riders com os Bane Knights (mesmo que apenas correndo para engajá-las), enquanto Gaspy permaneceria fora do alcance de Ghetorix. Eu, por outro lado, cometi também uma série de erros que, caso não matasse Gaspy agora, provavelmente me teriam custado o jogo. O Feat mal colocado, a perda da shifting stone quando eu tinha um shieldguard no woldwatcher que poderia tê-la salvo, enfim..
Gosto da eficiência das Wolf Riders como flankers, mas me preocupa sua sobrevivência. 15/14 com 5 hitboxes é pouco, e a um custo de 2 pontos por modelo, é um preço salgado. Será que não valeria a pena uma unit de Druids of Orboros por um ponto a mais?
Outra coisa interessante a se notar é como os cenários mudam o jogo. Eles forçam contato, planejamento e reação em um nível adicional. É justo se dizer que em jogos de SteamRoller, você tem 5 oponentes: o exército inimigo, o jogador a comandá-lo, o terreno, o cenário e o relógio. E tudo isso com os dados para atrapalhar a previsibilidade da coisa. Em posts futuros vou endereçar cada um desses em mais detalhes.
O que acho interessante em Battle Reports, especialmente dos meus próprios jogos, é no exercício mental de pensar em outras coisas que poderiam ter sido feitas tanto por mim quanto por meu oponente, que teriam mudado o jogo, reduzido o impacto de rolagens ruins, possibilitado uma vitória por cenário ao invés de assassination…
Enfim, Warmachine é um jogo profundo, de estratégia e tática, que começa na sua construção de lista e não termina no fim da partida, mas só se funde ao jogador, numa experiência acumulada que, bem explorada, contribui enormemente para o crescimento do estrategista.