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Sobre o uso de timers

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Cronômetros digitais de baixo custo como o da foto podem ser usados em wargames para forçar o jogador a pensar e agir sob pressão..

Cronômetros digitais de baixo custo como o da foto podem ser usados em wargames para forçar o jogador a pensar e agir sob pressão.

A idéia de se usar timers em wargames segue o mesmo princípio do xadrez: deixados à vontade, irrestritos, os jogadores podem se perder em cálculos e análises de possibilidades de desenrolamento de cada alternativa de movimento, levando um tempo enorme. Já tive partidas de battlebox que levaram 3 horas, com turnos de 40 minutos, enquanto o oponente se entediava me esperando.
Com o uso de turnos cronometrados, ou “timed turns” como você vai escutar por aí, se garante que um turno não dure mais que um tempo pre-determinado, e força o jogador a pensar rápido e executar seu plano também rapidamente. Do ponto de vista de um organizador de evento, timed turns também trazem uma vantagem enorme, porque agora se torna possível planejar um torneio sabendo quanto tempo cada rodada vai durar, e fazendo com que se possa executar confortavelmente num dia um torneio de 3 ou 4 rodadas. O relógio está ali para os dois lados, e a pressão adicional vai impactar menos quem se preparou melhor. E o ponto chave é exatamente esse: preparo.

Como funciona?
Com timed turns, cada jogador tem um timer que vai apitar ao fim do tempo de seu turno. A quantidade de tempo por turno é acertada antes, e o pacote Steamroller, revisado e distribuído anualmente, tem uma tabela de turnos sugeridos, por exemplo, 10 minutos por turno para jogos de 50 pontos, com uma extensão de 5 minutos para ser usada uma vez por jogo. Além disso o organizador do evento (se for um torneio ou algo assim) tem um cronômetro próprio, onde ele vai marcar um tempo geral para a rodada, ao final da qual se anuncia o “dice down” (dados na mesa), contabilizam os pontos das partidas ainda não definidas etc.
Na falta de timers de mesa, há aplicativos para smartphones que ajudam bastante (Battle Timer no android, Battle Clock no iOS), mas qualquer celular de 10 anos de idade tem uma função cronômetro no relógio que pode ser usada. O mais importante é negociar com seu oponente, antes da partida começar, quanto tempo por turno vocês usarão, e se serão rígidos com o time out ou se vai ser mais uma guia do que uma regra, especialmente em jogos amistosos.

Construção e estudo da lista
Quando se vai jogar com tempo restrito, sua preparação como jogador muda de escopo. O tempo que você gastar relendo as cartas dos seus modelos ou pensando nas interações entre determinadas regras é tempo jogado fora, e você deve pensar nisso antes de levar seus modelos para a mesa. Um exemplo fácil é o “unpacking”, ou “desdobramento”, “abertura” da sua lista. No xadrez, por exemplo, temos aberturas clássicas já pré-formatadas, e existem livros inteiros dedicados apenas a esses primeiros 3 ou 4 lances do jogo. O que dizer de warmachine, onde a composição dos armies pode mudar a cada partida? Se você levar sua lista para a mesa sem ter pensado em como ela se desdobra, quais modelos vão à frente, quais ficam para trás, quem vai receber quais buffs de seu caster etc, você vai gastar muito mais tempo do que precisaria. No primeiro turno, via de regra a influência do army do oponente sobre o que você vai fazer é mínima, e você deveria poder ter uma idéia muito boa de como seus modelos vão se comportar sem ter que gastar muito tempo nisso.

Pense rápido! Aja mais rápido!
Sob a pressão do tempo escoando, é mais provável que você cometa mais erros, e leve seu jogo de um modo menos otimizado, sem pensar em todas as possibilidades todo o tempo. Mas há um lado bom nisso: seu oponente também está lutando contra o relógio! Então não se foque na reclamação de “não tive tempo para pensar direito”, e ao invés disso mude sua atitude para “preciso ser mais rápido”! Mas como fazer isso? Primeiramente, conheça bem a sua lista. Conheça seus modelos, suas interações. Saiba de antemão se você vai andar com uma unidade compacta ou espalhada. Saiba o que você quer usar como isca, se você quer começar a troca de peças, ditando o ritmo do jogo, ou se quer reagir ao que seu oponente vai fazer.

O que eu ganho com isso?
Você ganha aquilo que não se pode comprar: tempo. Jogando com relógio você vai poder jogar duas ou três partidas numa noite, ao invés de uma sofrida. Vai poder jogar uma partida por noite com mais frequência, porque chegar em casa às 21:00 é muito mais aceitável para a esposa do que chegar meia noite e meia. Além disso, vai ter uma melhora significativa na sua técnica e vai aumentar sua competitividade em geral, porque vai ter que conhecer melhor as regras, os modelos, e também os modelos de seu oponente.

Não trate o relógio como um obstáculo. Trate-o como mais uma condição de jogo, e absorva isso como parte do seu estilo, desde a construção de lista até o andamento da partida. Em Warmachine o jogador ativo joga praticamente sozinho durante seu turno. Isso não quer dizer que no turno do oponente você deve estar checando seu email ou conversando sobre o último episódio de Dexter. Mesmo sem relógio, durante o turno do seu oponente você pode estudar o que ele está fazendo, tentar antecipar seus movimentos, e principalmente planejar seu próximo turno, fazendo um uso muito mais eficiente do seu tempo! E quanto mais você jogar com a mesma lista sob esse tipo de condição, melhor você vai conhecê-la e, aos poucos, acabará construindo intuitivamente uma série de “modelos” de situações para as quais você terá respostas prontas da próxima vez, sempre aumentando sua eficiência.

Além disso, você passará a jogar mais rapidamente mesmo sem o relógio, e poderá tirar uma partidinha depois do trabalho e voltar para casa em tempo para o jantar.
Sua esposa agradece!


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